Sentimentos congestionados


Eram quase sete horas da noite.
Sexta-feira, horário de pico, trânsito parado e eu nem ao menos percebi.
São sempre nesses momentos de correria, de estresse e de solidão que eu mais penso em você. Acredito que seja uma forma de auto-defesa, de escudo que me deixa livre.
Livre de qualquer olhar que não seja o seu lendo cada entrelinha do meu; de qualquer percurso onde não haja tua mão entrelaçada à minha para me acompanhar e de cada palavra dita que não se compara aos nossos silêncios que se comunicavam tanto...
Eu me lembro bem de como tudo começou. Tudo em apenas um click. Um abrir e fechar do obturador.
Pronto.
Lá estava eu, com aquele sorriso perfeito à minha frente. O mesmo registrado na minha câmera, na minha memória e, agora, dentro de mim. Mesmo depois da foto você continuou sorrindo e eu implorava em silêncio para que esse sorriso fosse só meu algum dia.
E ele foi. O sorriso, a voz, o seu olhar, suas mãos e seus abraços apertados nos domingos frios de Julho.
Quase posso sentir o vento quente dos seus sussurros ao meu ouvido enquanto suas mãos passeavam vagarosamente pelos meus cabelos. Quase posso escutar sua voz dizendo meu nome daquela forma que só você dizia. Mas a realidade trata sempre de me acordar nesse momento e a única coisa que chega aos meus ouvidos é o som estridente da buzina do carro de trás.
O sinal já está verde. Faz tempo.
É sinal que eu deveria seguir em frente.
E eu deveria mesmo.

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3 comentários

  1. Meu, tu escreve demaisonamente super! :)
    nhoim, que saudade que tava de vc atualizando aqui!

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  2. O que resta é seguir em frente sempre.

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  3. Sally ta postando pouco :((((((((((((((

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