Inevitável

Hoje só tem uma estrela brilhando no céu, assim como só tem um de nós olhando para cima dessa vez.
O vento gelado da noite, a grama macia e até o cheiro daqui continuam os mesmos. Tudo continua igual, menos nós.

Hoje existem nuvens cobrindo nossas estrelas. O tempo mudou e parece que vai chover. E eu? Eu não tenho guarda-chuva. Acho que nosso erro foi não ter olhado a previsão do tempo. Mas eu vou ficar aqui, olhando essa estrela solitária, que na sua solidão me faz companhia.

Eu sempre ouvi dizer que algumas estrelas que vemos são, na verdade, planetas. Acho que foi você quem me disse isso uma vez. Eu, boba, ri disso, e você quis me provar que era verdade com um texto da Wikipédia. Hoje eu sei que é isso mesmo. Sei que as vezes enxergamos apenas um pontinho brilhante, solitário, distante e não pensamos duas vezes em dizer “ah, é apenas uma estrelinha”. Mas não, não é apenas uma estrela, é um planeta gigantesco cheio de coisas e seres que o formam.
Assim sou eu e aqui estou eu, no meio do nada, do nosso nada, sendo vista apenas por essa estrela. Ela está te vendo também, e só de pensar nisso, eu quis ser essa estrela.

Acho que senti uma gota de chuva caindo no meu nariz. Vai cair uma tempestade, mas eu vou continuar aqui. Talvez tudo que eu precise agora é desse banho de chuva no meio da noite, na companhia da minha estrela solitária e, agora, desses grilos que resolveram me rodear.

Agora não são mais gotas, já é chuva. Já é tempestade e eu fico feliz por isso. Fico feliz por minha estrela e pelos grilos. Fico feliz por estar no meio do nosso nada, porque é o nosso nada.

Fico feliz porque sei que tempestades passam e novas estrelas irão aparecer no céu assim que essa nuvem passar. É por isso que estou aqui, só para ter certeza que o amanhã virá, assim que o sol aparecer e isso é inevitável, assim como nós. Inevitáveis.

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