Nostalgia


Ela pegou a xícara quente de chá de hortelã.
Não estava chovendo naquela noite, mas ela sentiu a falta que fazia alguns tipos de sentimentos. Sentimentos tais, que são exatamente o que fazem a demarcação de épocas da vida.
Dias de chuva tomando chá, enquanto observava as gotas aparecerem e despencarem, lentas e minguantes na janela, a fazem lembrar de uma época bem demarcada.
Era um tempo de comédia romântica, que no final era mais um drama lado B do que uma super produção Hollywoodiana.
Comparar sua vida com filmes também fazia parte desse tempo. Tempo em que, tudo que parecia certo, no final era o maior erro que se poderia cometer. Tudo que parecia cor de rosa se mostrava cinza e todos os dois olhos verdes que pareciam cuidar serviram mais para destrair.
Disso ela não sente falta. Não mesmo.
Mas o sentimento daquele outono, no geral era bom. A sensação de mãos quentes segurando canecas gigantes de chocolate quente com canela. A de dormir com a TV ligada e acordar no meio da noite, esparramada na cama e assistir ao seriado fútil no canal fechado. A de ser acordada cedo por um lindo e doce senhor de cabelos brancos te dizendo "ô, minha querida, apenas venha tomar café, depois pode voltar a descansar." A de escrever, escrever e escrever, parar para respirar e depois escrever mais um pouco.
Sim, sensações e sentimentos que demarcaram sua alma, corpo e espírito como tempos, nem bons, nem maus, apenas tempos. Apenas vidas. Apenas outonos, chuvas e chás. Apenas Ela, apenas Eu.


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